10 volumes. quem diria…
boa leitura!
A nave vazia perdida no infinito
Por Gabriel Goes
Futuro imperfeito: Já existiu vida na Terra? Olho em volta e não vejo nada O vazio radioativo E a vida ausente - Subo na velha nave Minha casa que corta dimensão É hora de voltar aos confins das estrelas Atravesso infindáveis galáxias Acumulo ganhos marginais Em esforços extradimensionais A anos-luz daqui, meu próprio brilho começa a apagar Todo dia fica igual Já são anos demais… Eu tô ficando velho ou isso é normal? Vagueando por aí encontro das coisas mais peculiares: Planetas com dois sóis Alienígenas com mais gravitas que humanos Bobos apaixonados rindo pro nada Ruas desertas em paraísos apocalípticos Fragmentos de mim Pedaços da Terra No infinito do espaço, vejo tornar-me um nada Sinto-me sozinho em meio a tantas estrelas Mas no espaço aqui de dentro Eu carrego o infinito E o infinito me carrega em um dia após o outro Como poderia eu ser um nada Se eu sinto tudo E o tudo sou eu? Minha nave cansada pede dois altos Um dia explodo junto com ela: Aperta a arruela Pressiona a válvula do propulsor Sem mais buraco de minhoca Sem mais viagem na velocidade da luz Quero uma cápsula de fuga Pra de todas essas coisas que sinto poder ejetar A Terra me persegue O que eu sinto se apodera de mim E quanto mais eu tento fugir Mais ela planta uma bandeira na minha cabeça Mais eu quero voltar pra casa - Futuro mais que perfeito: Um dia fazer que nem Ícaro E rumar em direção a algum sol
Navegando entre a incerteza e o sentido
Por Tássia Bezerra
No último sábado, completei 35 anos e a conclusão que cheguei analisando a minha vida em retrospecto até o momento presente é que certezas não podem ser capturadas. Pelo menos não por mim. Elas nunca fizeram parte da minha vida. Por favor, não confundir: eu tenho a certeza de qual vida quero viver que é justamente a que abraço e vivo, mas estou em um constante estado de impermanência. Planejar a vida é um privilégio, a maioria das pessoas planejam a sua reação aos acontecimentos da vida. Assim tem sido comigo, planejando a minha reação aos meus lutos estruturantes e a cada mudança que forçadamente me atravessa. Joan Didion captura bem esse sentimento no livro ‘O Ano do Pensamento Mágico’, ela escreveu “A vida muda num instante. Você se senta para jantar, e aquela vida que você conhecia acaba de repente”. Eu não sou muito de brigar com o destino, talvez essa seja a minha forma de confiar em Deus. Depois de estar cinco anos bem adaptada em Niterói, o melhor caminho que se apresentou para minha vida neste momento foi uma mudança para São Paulo. ‘Caminante, no hay camino. Se hace camino al andar’ é meu lema e aqui estou caminhando, buscando e conseguindo ter uma vida satisfatória, mas com muita nebulosidade pela frente. Está na moda ser estoico, mas já sigo essa tendência há alguns anos como modo de sobrevivência. Recentemente, estou fazendo um curso de ‘Gerenciamento da Felicidade’ disponibilizado pela plataforma EaD da Harvard Business School. Em um módulo, o tutor explica que as pessoas geralmente encontram um sentido mais profundo em suas vidas quando enfrentam situações desafiadoras. Naturalmente, tendemos a evitar dificuldades porque as associamos com infelicidade e sofrimento. No entanto, é por meio dos desafios que descobrimos o verdadeiro significado da vida. E é justamente esse significado que nos leva à verdadeira felicidade. Assim, de forma paradoxal, para alcançar a felicidade, precisamos enfrentar e superar momentos de incerteza. *O sentido ou propósito, ou simplesmente uma vida boa de ser vivida* Gosto de estudar cientificamente sobre bem-estar porque ‘buscar uma vida boa de ser vivida apesar de…’ sempre foi uma postura central do meu caráter. Neste mesmo curso, são colocados em pauta tanto os filósofos antigos como os investigadores modernos sobre a felicidade. Na cultura moderna, tendemos a pensar na 'hedonia' como o impulso para se sentir bem e na 'eudaimonia' como o impulso para sentir um propósito. Ambas palavras gregas, hedonia e eudaimonia, eram conceitos de prazer e significado ao serviço daquilo que os gregos mais debatiam: a vida que vale a pena ser vivida. E acho que aqui podemos fazer um salto contemporâneo para Soul, um filme da Pixar, que pra mim é a forma mais lúdica de falar que o ‘sentido da vida’ é justamente encher de significado pessoal suas relações, suas experiências e seu contato com a comunidade. Tudo isso se torna, assim, o verdadeiro propósito estarmos aqui. Esse é o meu exercício para afastar o receio das incertezas e ser grata por tudo o que tenho vivido e alcançado até aqui. Espero que esse texto te ajude a navegar pelo seu mar de incertezas também. :)
obrigado por nos acompanhar hoje! bom fim de semana!
vejo você na próxima edição de textinhos! :)
teremos mais duas edições, fechando doze volumes de textinhos (1 ano) e depois entraremos em hiato - vejo você por aqui nos nossos últimos dois rodeios?